domingo, 18 de julho de 2010

Eu queria deixar de ser barroco

Eu queria deixar de ser barroco
Eu queria secar o mar de fogo que me escreve em sílabas mudas
Eu queria retorcer-me em labaredas geladas
Não, eu queria cortar a inutilidade da alma
Ser parnasiano e nada mais...mas parnaso parece receita italiana
Deus! diabos! macacos!A quem me salvar possa sem redondilhas imaginárias
eu queria deixar de ser abismo que se perde em abismos
garçon! um bife a parnasiana!Um bife bem passado, sem sangue, sem choro, sem velas
Eu queria ser parnasiano
E ver beleza encaixotada em classicismos
Dizer sim, que é sim e sempre simDizer não, que é sem nunca ser contrário
Eu queria ser um parnasiano
Menos humano, menos vil e mais bucólico
Eu queria nunca mais morrer de tuberculose
Eu queria nunca mais sofrer a ira sombria dos romanticos
Eu queria ser um vampiro neoclássico, perfeita estátua gélida
Perfeita mortalha imaculada.

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