domingo, 22 de abril de 2012

Nascimento

Me encanta essa neblina
que chega a noite e tinge tudo de luzes distantes
que outrora eram sonhos de infância

Esta sou eu, ainda um ponto, entre aquelas pulsantes imagens
Brilham como estrelas, mas são só distância
De perto, são como potes de ouro no fim do arco-iris

Eu me vi nascer como uma leoa
Foi tão breve, como os ipês brancos que ja se esfacelaram em troncos cinzentos e secos
Eu vi nascer a mãe
E descobri que ela já vivia em mim

Chama-se amor o laço do visível ao invisível?
Entre medos e angústias, de me ver nascer assim
Fera desajeitada, tão forte, um esboço tão claro
Ser uma fragilidade que aninha e protege os seus. Que os possui.

Que venha a vida e corra por minhas veias
Em preces de  um futuro inesperado
Lugares desconhecidos, completudes, oceanos
corram por mim
Não tenho mais medo...





quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Auto-retrato






É uma nova mão, esta, que desenha nuvens e estrelas


Entre a vida e lugar nenhum, na travessia



Meu gosto doce-amargo-frio-luminescente... leve-forte-acre



Sou a destruição, sou o toque, paz, desertos, ruinas









É o novo desenho do corpo que renasce



a semente que foge de si e se transforma



dentro da lagarta, coração de borboleta



asas de morte, sopro de vida...












Houveram dias brancos,



dias lindos



dias tristes



saudosas manhãs












Chegaram novos lirios



novas rosas, desequilíbrios lunares



pulsantes levezas



Insustentabilidade-prestes: Estou em primavera...
























terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Hope






Então hoje sinto um misto de dor e alívio
Essa é mesmo a veia mais escura da noite
Meus dedos procuram em dor no lodo, na doença, no abismo do fundo meu estomago/esgoto
uma saida...


Eu sei que é a pior dor, que é a hora mais dificil
Eu fugi deste momento como um doente do espelho transfigurado da morte
Eu pude te desejar mais que a mim mesmo, mas agora não mais...
não...NÃO.


Meus demônios adormeceram em seus braços, mas você não soube calar...
Meus desejos eram tão pequenos, tão mínimos, tão delicados: morreram de fome
Como eu pude te desejar mais que a mim mesmo?
Eu pude te desejar mais que a um deus, a tempestade está só se levantando...


Eu tenho nojo de todas as bocas que já te beijaram, te odeio mais do que a mim
antes vazia, que repleta de qualquer coisa que venha de você, qualquer coisa...
Você finalmente está morrendo em meus interstícios. Eu quero isso.Finalmente...
Finalmente a dor.Finalmente a fúria. Finalmente A CURA.