quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Amargo



Eu te quis naquele final de tarde



Eu queria brindar a vida que eu tinha ganho



Eu queria ganhar um passado



Tinha cartas de baralho, tinha planos






Tudo era daquela cor, que se apaga quando grita a última luz do dia



Meus dedos dançavam distraidos pelos teus espinhos como se fossem pés



Eu queria voar denovo como naquele sonho



Eu queria ser o rei, já que não sei escrever poesias






E veio aquela noite, ainda esta, cobriu meus olhos neste denso véu



Me disse ela que em mim se instalaria, me recortou os sonhos, me escondeu as pétalas



Minha mãe.Minha filha. Minha irmã. Escura noite me conta onde dormes.



Que este punhal que mora em mim agora, encontre a noite de escuras raizes



Que se espalhou da minha alma a fora, enraizou-se em pétreo coração.



domingo, 25 de setembro de 2011

Contigo En La Distancia



O sono vence.
O tempo: continua...
Deus questiona
Dias passam
Magias acabam
Estrelas caem
Algo persiste...
Distâncias não se negam
Destinos são perdidos
Partidas inevitáveis

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A SEU TEMPO...






Destino naufrago, perto e longe sem escadas
Sem lembranças, embreaguez ou sonhos coloridos, luzes, breves

Eu rezava para que não me levassem

Eu rezava para que não me doesse

Tinha o vazio, que do peito em diante crescia, gritava, doia

Ela, do meu lado, silenciosa, me corroendo: a loucura

Sem esconderijo, fruto do cansaço homérico

Disse-me: Odisseu, pulsa, irradia a minha mensagem

E o pulsar das estrelas distantes respondem: solidão

Recolho-me, sou meu próprio afago, nau

Sou um poço de mim mesma, sou agora.

Entendi que Deus ou meu Dragão não me queriam desfeita

Desperdiçei palavras sagradas, chorei, criei meu mar

Depois disso, me casei, rabisquei livros, me apaixonei

Envelheci, cortei os cabelos, tentei fumar, costurei os pulsos...

Nada adiantou.

Então desisti.
Estou aprendendo a nadar.





































terça-feira, 5 de julho de 2011

Homem e Mulher



Me encontre



Mesmo que eu não seja a heroina que matou o dragão



E nem o bravo guerreiro



veja ao longe, meu corpo fraco, perdido



Talvez eu julgue não mereça tal sorte



Retira da minha testa os cabelos cheios de chuva e troca-os pelo teu beijo



Diga que não tem importância



Que eu não errei o caminho



Que o manto sagrado do mundo protege os loucos e os santos como relicários



Seca meu rosto sem lágrimas e frio com o calor da sua mão



Reinventa minha história com surrealismo incrível



Me proteja



Me enfeita



Me escolha



desenha no meu rosto o impossível que nem você conhece, e nem eu



Me ensina a ser flor



Eu te ensino a ser tempestade















quinta-feira, 9 de junho de 2011

sexta-feira, 13 de maio de 2011

No limiar





Bastou.





Para bagunçar o que estava errado, mas arrumado, parecia certo





Bastou, na fogueira da face da lua, um pouco de olhos-bem-querer-de-mentira





Inconfundível, em minha homenagem, desenha seu nome, seu riso, seu cinza.





Desenha em mim





Rabisca em meu avesso sua delícia de ver mundos com olhos escondidos





Descobre espaços ocos antigamente habitados





Vivi nesta casa vazia





Viajei pela casa que não é mais casa, milenios feitos de um pequeno agora





Bastou, encontrar aquela flor em ti escondida, e minha





Minha, por que assim eu a quero.Mesmo que nunca.







Para meus pensamentos assim se esvaíssem logo te seguindo





Como fotografando cada fragmento incompreensível de mim misturados aos seus cacos





Me importa te proteger aqui, bordado na minha memória sagrada





De poeta, de louco, de solo árido






Que vê a sua passagem trazendo de novo vida em minha secreta paisagem




E te deixa ir embora


Sou apenas uma operária, neste séquito de estrelas rainhas.

















domingo, 24 de abril de 2011

Em processo






Já dizia o poeta dos "dias lindos" de abril e maio



Lanço ao ar meu passaro mensageiro



" Procuro por terra seca"



O azul desses dias me respira, me faz inteira



Recobre minhas raizes, num abraço de terra macia






Somos um só:






Céu, raizes, a terra fofa, o sol queimando fraco, doce, profundo...






Em meu entorpecimento de céu, de mim, de minha beleza



Comtemplo meu pensamento redondo, minha inteireza em cacos



Meus olhos com cor de desconhecido são as folhas brilhantes que buscam o azul aterrador



Sou o rei de mim






Meu coração cavalgando em disparada



Sente um leve ar gelado do futuro inverno



no fim das tardes com cor de céu de infância



Vejo a vida inteira ao reverso






Um segundo antes de nascer eu me digo:



Valeu a pena saber



Meu sol radiante engolindo rios de escuridão



Sou feliz, por ter dito adeus.





















quarta-feira, 9 de março de 2011

Em um copo...d'agua

Estilhaços de tempo, flutuando destruidos
Essa calmaria, um segundo após a tempestade

Tudo o que era meu, apenas era
Eu não estou entre os desaparecidos
Pareço mais esquecido
Negando a tatuagem, corpo arrependido
Para alguns é impossível seguir viagem sem matar de si uma parte

É impossivel seguir ?
Encontrei velhos relatos do meu silêncio
Me vi mil anos depois, com a face petrificada
e quem por mim passou, o que levou da minha beleza?

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Fuga


Preciso de um deserto qualquer

Que tenha grãos de areia preciosos

Que sejam como um tempo preso em fotografia

Quero viver ali sete mil anos, que a senteça seja branda


Preciso me esquecer, de qualquer coisa

Do que me faz não querer ir

Me custa tão caro ter paz

Minha paz custa o meu inferno


Quero dançar um tango com a minha morte

até que ela me diga os mil caminhos em que me perdi

até que ela me diga por que eu vim

até que eu ouse dizer não

domingo, 30 de janeiro de 2011

Pintura


Estrelas, luzes de inexistência

Crio a noite, conforme me toca o céu brilhante

E as cores correm por minhas veias enquanto sobrevoo as plantações

Distantes dias de sol percorrem pensamentos gastos

Seria o nosso destino ver a luz, para sermos relegados a escuridão?

Do belo e delicado do mundo provamos

Cada nota do perfume das cores do dia...


Talvez não tenhamos tentado dizer nada

Talvez fosse o nada que nos viesse de dentro mesmo

E você quisesse mesmo estar preso na loucura

orelha cortada, flores, sangue

Estrelas cheias de ópio de chamas


Não, é fato

"Esse mundo nunca foi feito para alguém tão bonito como você"


quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A menina esperava


Ela era uma menina, esperava por um mundo que não existia, falava com as nuvens, falava com a lua, não, ela era a lua... ela era a lua?

Ela queria, e tanto, que as horas não faziam barulho quando passavam perto dela. Ela chorava sozinha, sorria de si mesma, ela esperava o que nunca lhe haviam prometido. A menina esperava.

Ela sentia medo, ali só, onde estava.

Ela esperava.

Só.


quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Um noturno de Chopin


Tua delicadeza a minha revela

Num diálogo sutil dito no silêncio entre uma nota e outra

Como haverão segredos eternos em meus olhos distantes

E serei triste, breve, um lago profundo e escuro

Como meus beijos de fato, nunca te terão realmente beijado

Porque também você está entre névoas


Nem é necessario que em ti eu seja inteira

Talvez nem você suportasse

Como um quase toque

Caminhamos no ultimo cortejo das nossas próprias noites


Encerrados nós, em cubos brancos, longe da violência dos sóbreos

Correriamos talvez por caminhos onde não se ouvissem nossos pés ao solo

Dormiriamos de mãos dadas, sem uma única palavra

Seriamos como um noturno de Chopin

que só é ouvido, quando a música já terminou.