domingo, 18 de julho de 2010

Adormecer

Cala como dia silencioso
Dentro de mim grilhoes de ferro se arrastam na poeira
A paz dos derrotados na guerra
A incomoda ausencia da dor
Quando somente o silêncio impera
Uma fogueira aquece as imagens turvas à luz do sol...
creptando...
Olho para o mundo suspenso...
dentro de mim, palavras mortas
Canto um estribilho rouco e cansado
Somente a poeira nos meus olhos granulados a esperança de ver o que vê o cego
Carrego santa mortalha dos arrependidos
eu espero pela escuridão, e que ela me leve...
Como nesta terra seca a presença de um rio oculto
Que subrepticiamente sugue-me o ultimo sangue das veias
Se ainda alguma vida pudesse existir em minha boca seca
Se ainda alguma flor, nesta hora silenciosa, se mostrasse, mesmo que em espéctro
Qualquer mentira que ainda servisse de ópio à minha mente
Eu não desejaria me dispor de ser
Eu não sucumbiria
Ao doce, e distante chamado desta irresistível inconsciencia eterna...

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