terça-feira, 21 de setembro de 2010

Singularidade


Arrasto meu manto na dramaturgia dos erros, e dos acertos

Meu manto sagrado forjado em sucata, em dor e em glórias santas

Tem horas que bebo tanto do mundo que só a arte mais pura me conforta

Só o caos mais sincero grita dentro de mim num traço, num verbo maldito

Acalanto de uma dor gelada que não existe

Eu canto pro mundo dos mortos, dos vivos, das muralhas de Orfeu

bruxa, fada, tempestade, nada... não sou nada...

Queria entender que sou a pura comunicação do pulsar das estrelas

Que habito o silêncio e que sou dragão, homem, tormento e delicadeza

Queria como o monge que entrega ao fogo e não se queima

Entender que simplesmente não sou...

Que isso a que chamo de singularidade, identidade, mémória ou simplesmente Eu

Um dia vai se esvair no vento de uma tempestade

Virão outros depois de mim, como antes já vieram tantos

Como o olhar anônimo na janela distante, mudo, durante a viagem...


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