
Arrasto meu manto na dramaturgia dos erros, e dos acertos
Meu manto sagrado forjado em sucata, em dor e em glórias santas
Tem horas que bebo tanto do mundo que só a arte mais pura me conforta
Só o caos mais sincero grita dentro de mim num traço, num verbo maldito
Acalanto de uma dor gelada que não existe
Eu canto pro mundo dos mortos, dos vivos, das muralhas de Orfeu
bruxa, fada, tempestade, nada... não sou nada...
Queria entender que sou a pura comunicação do pulsar das estrelas
Que habito o silêncio e que sou dragão, homem, tormento e delicadeza
Queria como o monge que entrega ao fogo e não se queima
Entender que simplesmente não sou...
Que isso a que chamo de singularidade, identidade, mémória ou simplesmente Eu
Um dia vai se esvair no vento de uma tempestade
Virão outros depois de mim, como antes já vieram tantos
Como o olhar anônimo na janela distante, mudo, durante a viagem...
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