terça-feira, 5 de outubro de 2010

O tribunal de Osíris


Quando cheguei lá tudo era diferente do que eu pensava

Olhei para as minhas mãos e eram as mesmas, só que mais pálidas

Tudo era claro, limpo, branco e nú, assim como eu estava

Eu não sentia frio, nem medo

Não havia ouro, rubís, lápis-lazuli...tudo era leveza, sem grilhões

Apareceram 42 juizes, que eram como eu, puros

pareciam feitos do fino orvalho de um oásis de luz

Os 42 me mostraram cada um dos meus erros

nenhum deles perturbou minha paz, mas cada dor foi revivida

Depois me mostraram as minhas glórias

Revisaram meus desejos, minhas injustiças, meus escritos incompreendidos

depois de ter provado do bom e de mal que havia em mim

Arrancaram-me o coração

Eu não senti dor

Prepararam uma balança, leve, dourada, tênue de inexistência

Pousaram ele com delicadeza, ainda batendo sobre um dos pratos da balança

No outro, uma pluma, feita de nada e de mim mesma

Ambas se equilibraram, eu respirei profundamente e disse: sim...

Então um silêncio ainda mais profundo se instalou desde tudo o que existia

Então me fizeram as duas ultimas questões para o fim do julgamento:

Você foi feliz?

Tudo continuava branco, leve, silencioso...

Minha boca se abria ainda sem saber qual seria a minha resposta...

Você fez feliz a alguém?...

Finalizando essa resposta, me seria dada a sentença...



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