Quando cheguei lá tudo era diferente do que eu pensava
Olhei para as minhas mãos e eram as mesmas, só que mais pálidas
Tudo era claro, limpo, branco e nú, assim como eu estava
Eu não sentia frio, nem medo
Não havia ouro, rubís, lápis-lazuli...tudo era leveza, sem grilhões
Apareceram 42 juizes, que eram como eu, puros
pareciam feitos do fino orvalho de um oásis de luz
Os 42 me mostraram cada um dos meus erros
nenhum deles perturbou minha paz, mas cada dor foi revivida
Depois me mostraram as minhas glórias
Revisaram meus desejos, minhas injustiças, meus escritos incompreendidos
depois de ter provado do bom e de mal que havia em mim
Arrancaram-me o coração
Eu não senti dor
Prepararam uma balança, leve, dourada, tênue de inexistência
Pousaram ele com delicadeza, ainda batendo sobre um dos pratos da balança
No outro, uma pluma, feita de nada e de mim mesma
Ambas se equilibraram, eu respirei profundamente e disse: sim...
Então um silêncio ainda mais profundo se instalou desde tudo o que existia
Então me fizeram as duas ultimas questões para o fim do julgamento:
Você foi feliz?
Tudo continuava branco, leve, silencioso...
Minha boca se abria ainda sem saber qual seria a minha resposta...
Você fez feliz a alguém?...
Finalizando essa resposta, me seria dada a sentença...
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