segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A festa


Luzes, sorrisos, então isso é a "felicidade"?
Minha boca adormecida em palavras presas em labirintos
Passam zunindo as cantoras em seus balanços, leves, vazias...
todas iguais, diferentes de mim, que não sei sorrir
Antes de tudo no agitar das taças, eu não havia me dado conta
que daqui onde estou não posso ver as estrelas
daqui não posso ver a mim mesma, não posso ver as cidades distantes
Será que posso respirar?

Fugir talvez, eu pensaria, para longe de todas as cores cintilantes, do absinto...
Poderia simplesmente sair correndo com meu vestido enfeitado
Poderia borrar a maquiagem e rugir como um leão, desritmando a harmonia barulhenta
Mas eu só estou aqui, e todos estão vazios e todos estão ao meu redor

Se eu me chamasse José, poderia perguntar " e agora?"
poderia saber que a festa acabou, poderia ser insana e anônima
poderia ser um grão de areia dentro de um corpo do mar, eterna até a chegada do corsário
e lá esqueceria de tudo num beijo congelado, a festa me é distante


Se eu encontrasse, no brilho desses olhos cintilantes, na multidão que dorme
Uma rota de fuga que me fizesse voltar
Exatamente ao ponto em que perdi as estrelas
Exatemente ao traço mal guiado do destino cigano

longe da festa sem sentido, sem doce, sem estrela e sem mar...
Toca o sino, no embalo desesperado, alguns correm com os pés descalços
Espero por alguém que não está na multidão
Que me convide a fugir, de volta para o meu lugar perdido...

Nenhum comentário:

Postar um comentário